Na contra-mão do fluxo carnavalesco, resolvemos ficar em Maceió neste carnaval. O Paraíso das Águas mais parecia uma daquelas cidades abandonadas dos filmes de faroeste. Para quem escolheu descanso e tranquilidade, nada mais pertinente. Algumas vantagens: pouco, ou melhor, nenhum trânsito, pizza by delivery em 20 minutos, cinemas com público interessante. Os filmes, aliás, foram os grandes protagonistas do meu carnaval. No total, foram sete, entre filmes e documentários. No cinema, vi apenas O curioso caso de Benjamim Button. Foi o único candidato ao Oscar 2009 que pude assistir e tornou-se, portanto, o meu preferido (!). Para a minha surpresa, não levou sequer um Oscar! Se não fosse o de melhor filme, que fosse o de maquiagem ou efeitos especiais. Afinal, o que fizeram com Brad Pitt e Kate Blanchet não foi brincadeira. Ele, envelhecido, com estatura de criança; ela, linda, como uma bailarina aos 18 anos. Enfim, coisas de Hollywood... Embora as cenas do hospital tenham me parecido desnecessárias, o filme marcou pela sensibilidade que perpassava cada cena, cada olhar dos atores envolvidos. Um filme poético, mesmo sem versos. Assisti também Sete Vidas, estrelado por Will Smith. Entre alguns cochilos, resultado da monotonia e da confusão da primeira metade do filme, comecei a me interessar pelo mistério que rondava a narrativa. Somente no final, quando a coisa se revela (não contarei o final, claro!), é que o filme ganhou sentido para mim. E que sentido! Recomendo um lencinho para os mais sensíveis. Por indicação de minha amiga Giovanna, assisti o filme iraniano O Círculo, que mostra o sofrimento de três ex-presidiárias beneficiadas com indulto temporário. Mais do que uma narrativa sobre o pós-cárcere (tema da minha Tese de Doutorado), o filme demonstra as dificuldades vivenciadas pelas mulheres numa sociedade islâmica. Muito interessante. Dentre os documentários, assiti Pequena história visual da violência - Artes plásticas e fotografia, de Paulo Menezes, uma produção do LISA - Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da USP, financiado pela FAPESP. O documentário é apresentado como "um discurso crítico do que se poderia conceber visualmente como violência". São desenhos, gravuras, telas a óleo e fotografias com imagens ligadas a violência. Não há narrativa oral ou escrita. A crítica fica por conta do espectador. Meio difícil de digerir, mas vale a pena assistir.
O documentario Shakespeare atrás das grades, de Hank Rogerson, coroou o meu carnaval cinéfilo. Comprei o documentário na Fnac, em Porto, atraída pela temática das prisões. Esperava que fosse bom, mas não tinha a mínima idéia de que seria maravilhoso! O documentário é filmado na prisão Kenthucky Luther Luckett, em Kenthucky (EUA), onde um elenco formado por homens condenados pelos mais diversos crimes ensaiam a tragédia A Tempestade, de Shakespeare. Entre um ensaio e outro, os presos dão depoimentos e comparam os personagens que interpretam às suas próprias histórias de vida. Quem tem um pouco de interesse em psicanálise certamente se encantará com as narrativas. Espero um dia poder levá-lo ao Toro de Psicanálise para abrir uma discussão psicanalítica mais cuidadosa. Os outros dois documentários que assisti são relacionados a vinho, um universo que me encanta a cada dia. Mas já escrevi demais por hoje. Ficam aqui as minhas recomendações para os que apreciam a sétima arte. Bonsoir!
5 comentários:
Para quem não gosta de carnaval, fica o convite para o festival anual de jazz de Garanhuns que ocorre justamente nesse período.
Esse ano foi ótimo!
E ainda deu tempo de ir ao cinema...
vOi Elaine, eu a descobri pelo mundo virtual, a partir de palavras e interesses que estão em sintonia com o meu mundo feito de filmes, filmes, leitura e música (bom, essa é a parte boa) Mas, fiquei intigada se nos conhecemos, afinal, eu tb sou da Ufal. Bom, seja como for, foi bem legal conhècê-la neste espaço. bjs doces!]Leda Almeida
Elaine!
Já pedi os documentários dos vinhos! Não esqueça de trazer, por favor.
Agora estou curioso acerca do da prisão também... empresta?
Beijos do irmão.
Beto
Olá, Leda! Não nos conhecemos pessoalmente, mas eu a conheço através de seu trabalho no Theo Brandão e de seus textos. Sua visita ao meu bolg é uma agradável surpresa. Espero que nos encontremos em breve! Um beijo!
Aguarde, Beto! Você ganhará um pacotão de documentários! Beijos da irmã.
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