Já que falei em Florbela Espanca, deixo aqui um dos poemas mais conhecidos da poetisa portuguesa: Fanatismo. Os mais desavisados pensam que é de autoria do Fagner, que o interpreta divinamente. Equívoco recorrente e perdoável.
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer razão de meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida
Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim
E, olhos postos em ti, vivo de rastros
Ah! Podem voar mundos, morrer astros
Que tu és como Deus: princípio e fim
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