A violência em Alagoas é um fenômeno complexo, sobretudo porque une elementos da cultura coronelista e patriarcal que marcam a história deste Estado tipicamente canavieiro, com aspectos contemporâneos do desenvolvimento desordenado dos centros urbanos. Assim, as diversas expressões da criminalidade e da violência - violência política, violência urbana, violência doméstica, por exemplo - exigem tratamentos metodológicos distintos, de acordo com a esfera a ser pesquisada. Os interessados na temática da criminalidade e da violência não podem compreender esses fenômenos sem um olhar mais amplo sobre a história e a cultura alagoana, bastante explorada pelos pesquisadores locais das Ciências Sociais, da História e da Economia. Nesse sentido, as publicações da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal) têm contrubuído para a produção de conhecimento local nas mais diversas áreas do saber. Especificamente sobre o tema da violência e da criminalidade, os livros da Professora Ruth Vasconcelos tornaram-se fundamentais para qualquer pesquisador ou curioso sobre a dinâmica desses fenômenos. Em O poder e a cultura de violência em Alagoas, a socióloga analisa como a formação de uma cultura de violência está estreitamente ligada às relações de poder que se estabelecem historicamente no cenário político alagoano. Através da Teoria das Representações Sociais, analisa as manchetes dos principais jornais alagoanos, justamente no momento histórico em que começa a ser desmascarada a chamada "gangue fardada", formada por membros das polícias militar e civil. Já em O reverso da moeda: a rede de movimentos sociais contra a violência em Alagoas, a Professora Ruth analisa os avanços e as limitações dos movimentos sociais no combate à violência - sobretudo àquela relacionadas às redes de poder. São dois livros fundamentais e extremamente interessantes, que resultaram da tese de Doutoramento da socióloga Ruth Vasconcelos pela UFPE. Tive o privilégio de acompanhar o nascimento desses dois livros, publicados no momento em que a Professora Ruth me orientava no Mestrado em Sociologia. Hoje, como membro do NEVIAL, compartilho do conhecimento e da amizade de uma das maiores pesquisadoras da UFAL. Sou realmente privilegiada!
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
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