Transcrevo aqui o excelente texto escrito pelo amigo Sérgio Coutinho, que assina o blog Mundo em movimentos, sobre o livro "O relato de Nanna", de Humberto, meu irmão. É sempre bom quando nos deparamos com leitores qualificados que têm algo de inteligente a dizer sobre literatura.
Terminei a leitura de "O Relato de Nanna", livro de Humberto Pimentel. Fazia tempo que não demorava tanto para encerrar um romance, mas este precisava ser lido com calma para ser bem apreciado.
Foi bom ver Humbertão encarar um desafio de nosso tempo logo em seu primeiro romance. Nossas tramas, como nossas vidas, seguem uma percepção não-linear do tempo. Não nos importa tanto, numa Wikipedia, no Google, uma sequência cronológica do que é descrito. Tudo, de qualquer tempo, parece imerso num eterno presente, podendo ser analisado sob o olhar de nossa época e comparado a qualquer outro fenômeno? Parece complicado? Humberto segue com sutileza logo nas primeiras páginas, de um enredo que se situa entre três tempos: o primeiro narrador, que toma o relato de Nanna que dá título ao livro, Nanna num passado recente e Nanna num passado distante como narradora e ao mesmo tempo como personagem. É impressionante a desenvoltura com que Humberto lida com linhas de tempo distintas. É sinal de estilo bem desenvolvido fazer algo complexo parecer simples. Nada da dor de cabeça que um episódio de Lost pode nos dar. Nada das dezenas de linhas de tempo do (maravilhoso) "Leite Derramado" de Chico Buarque. Os três períodos são bem ajustados logo no começo da trama para que o leitor acompanhe sem dificuldade a narrativa.
Humberto escreveu como um romance de formação, mas brincando com o formato. Os romances de formação não são algo tradicional em nossa literatura. São enredos em que as personagens estão em autoconhecimento, em amadurecimento, mas nesse caso Nanna rejeita boa parte das possibilidades de crescimento, contesta, age de modo distinto, contando com uma consciência exterior (não vou adiantar nada que comprometa o fim da história...) que ora é ignorada ora é respeitada ora é domesticada, mas que não simplesmente seja seguida.
Não direi sobre o que é a história pois o enredo impede sinopses. As sutilezas na narrativa exigem que seja lentamente descoberta. Uma crítica? Algo que não gostei? Não gostei de não encontrar maior repercussão. Na verdade, se Humberto tivesse publicado num estado cuja população tivesse maior hábito de leitura, contasse com livrarias, eventos literários não restritos a universitários, talvez já estivesse sendo procurado para adaptar para série de TV ou curta-metragem. Merece outras linguagens para as diversas texturas da história (texturas mesmo, é trama muito visual) poderem ser desvendadas.
Foi bom ver Humbertão encarar um desafio de nosso tempo logo em seu primeiro romance. Nossas tramas, como nossas vidas, seguem uma percepção não-linear do tempo. Não nos importa tanto, numa Wikipedia, no Google, uma sequência cronológica do que é descrito. Tudo, de qualquer tempo, parece imerso num eterno presente, podendo ser analisado sob o olhar de nossa época e comparado a qualquer outro fenômeno? Parece complicado? Humberto segue com sutileza logo nas primeiras páginas, de um enredo que se situa entre três tempos: o primeiro narrador, que toma o relato de Nanna que dá título ao livro, Nanna num passado recente e Nanna num passado distante como narradora e ao mesmo tempo como personagem. É impressionante a desenvoltura com que Humberto lida com linhas de tempo distintas. É sinal de estilo bem desenvolvido fazer algo complexo parecer simples. Nada da dor de cabeça que um episódio de Lost pode nos dar. Nada das dezenas de linhas de tempo do (maravilhoso) "Leite Derramado" de Chico Buarque. Os três períodos são bem ajustados logo no começo da trama para que o leitor acompanhe sem dificuldade a narrativa.
Humberto escreveu como um romance de formação, mas brincando com o formato. Os romances de formação não são algo tradicional em nossa literatura. São enredos em que as personagens estão em autoconhecimento, em amadurecimento, mas nesse caso Nanna rejeita boa parte das possibilidades de crescimento, contesta, age de modo distinto, contando com uma consciência exterior (não vou adiantar nada que comprometa o fim da história...) que ora é ignorada ora é respeitada ora é domesticada, mas que não simplesmente seja seguida.
Não direi sobre o que é a história pois o enredo impede sinopses. As sutilezas na narrativa exigem que seja lentamente descoberta. Uma crítica? Algo que não gostei? Não gostei de não encontrar maior repercussão. Na verdade, se Humberto tivesse publicado num estado cuja população tivesse maior hábito de leitura, contasse com livrarias, eventos literários não restritos a universitários, talvez já estivesse sendo procurado para adaptar para série de TV ou curta-metragem. Merece outras linguagens para as diversas texturas da história (texturas mesmo, é trama muito visual) poderem ser desvendadas.
Sérgio Coutinho
Um comentário:
Merecido mesmo o comentário de autoria de um crítico da área literária. Não é por ser obra de meu querido primo Humberto, o Betão, mas é que tem valor e poderia ser dramatizado na telinha ou na telona com chaces de premiação nacional e internacional. Desque que terminei a leitura, ainda prévia ao lançamento, pela gentileza única do primo beto, espero pela sequência da trama de Nanna. Querida Prima, dá uma pilha pra ele escrever o número 2 do relato looooooooooooooooooooooooooooooogo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Postar um comentário