Hoje pela manhã participei de uma Jornada de Psicologia, que teve como tema a violência. O evento aconteceu no Hospital Psiquiátrico Portugal Ramalho, único hospital público de Alagoas que, além de tratar pessoas com doenças mentais, oferece tratamento para dependentes químicos. Tive o prazer de dividir a mesa com a psicóloga Lenise Cajueiro, que trouxe o olhar da Psicologia sobre a violência. Minha abordagem foi sociológica e busquei enfatizar a complexidade do fenômeno da violência, que não pode ser abordado unilateralmente - apenas no viés subjetivo, social ou jurídico. Para ser compreendida, a violência precisa ser pensada numa base interdisciplinar, sem ignorar, inclusive, a dimensão econômica da coisa, que desemboca numa questão de gestão e administração pública. A violência contemporânea é dotada de grande ambiguidade, pois ao mesmo tempo em que ameaça a convivência pública e democrática, torna-se elemento estruturador e constitutivo do tecido social, influenciando novas formas de articulação da sociedade civil. Não quero dizer, com isso, que a violência tem um "lado bom", mas é preciso reconhecer que mesmo as situações adversas da convivência humana podem tornar-se elementos de rearticulação social e cultural. Nas periferias, por exemplo, além das associações de bairros, expressões artísticas como o rap e o funk encontram na violência o motivo para essa articulação. Com isso, a vida social é reescrita e novas configurações de sociabilidade são estabelecidas. É nesse sentido que a violência se torna estruturante. Essa reflexão, porém, passa ao largo daquilo que vivenciam as vítimas de violência, sobretudo nas grandes cidades, permeadas por uma atmosfera de terror e pânico capaz de modificar o modo de vida das pessoas (ver charge acima). Por outro lado, além da violência física, é preciso pensar em outras expressões da violência, como a de ordem psicológica (moral e material) e a de natureza simbólica (de gênero, raça e classe). Emfim, como fenômeno dinâmico, a violência proporciona um debate inesgotável e fundamental para que se possa pensar em soluções para uma vida social mais feliz, à la Platão.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
perfeito, Elaine! =)
Como bem falou o Bruno, dispensa comentários.
Ah, não! Não gosto de unanimidades! Bruno, não acreito que você concorda plenamente comigo! Não estou te reconhecendo...
Fala, Prima. O post lembrou o que estou estudando em Sociologia com o Prof. Luciano Oliveira. Vou precisar de umas dicas suas, trabalharei as categorias diferenciação/negação dos sujeitos sociais em Boaventura. Bjos e até breve!
Postar um comentário