segunda-feira, 29 de junho de 2009

Uma luz no fim do túnel

Dados da Secretaria de Defesa Social nos alertam que ocorreram 657 homicídios nos quatro primeiros meses de 2009, em Alagoas. Jovens das periferias envolvidos com o tráfico de drogas são os principais protagonistas dessa tragédia. A triste realidade da violência urbana nos coloca diante do seguinte questionamento: o que fazer?
As discussões sobre o tema da violência e da criminalidade são sempre permeadas por opiniões das mais diversas naturezas. Há os que clamam por ações policiais mais enérgicas, com uso de armamento pesado e monitoramento de áreas que, segundo as estatísticas, teriam altos índices de criminalidade.Para os ávidos em importar programas criados por outros países, o sistema norte-americano de tolerância zero seria o modelo ideal para o Brasil. Por outro lado, há os que estão convictos de que medidas recrudescentes, além de semearem o comportamento intolerante na população, aparecem como meros paliativos, incapazes de ter impacto sobre a violência e a criminalidade. Sendo assim, propõem uma abordagem diferente do problema. Importar modelos como o tolerância zero não parece ser a melhor saída, até mesmo porque, na prática, nossa segurança pública já é intolerante.
O fato da a ideologia fundadora do aparato de segurança pública, no Brasil, não ter sido batizada de “tolerância zero” não significa que isso não esteja presente no nosso cotidiano. Afinal, a brutalização da ação policial, o recrudescimento da legislação e a intolerância da sociedade civil já dão claros sinais dessa realidade. No entanto, parece haver uma luz no fim do túnel. Há uma significativa mudança no discurso oficial e até mesmo da sociedade civil, amparada, talvez, na certeza de que essas ações intolerantes já deram prova de que não produzem efeitos satisfatórios. Em outras palavras, barbárie gera barbárie. Por isso, políticas inclusivas, voltadas para o resgate da cidadania e do respeito ao outro passam a ocupar um espaço cada vez maior no enfrentamento da questão.
É importante, porém, que essas políticas não permaneçam na esfera dos debates vazios. Para além de meras políticas de governo, ações dessa natureza precisam transfigurar-se em verdadeiras políticas de Estado, que encontram na continuidade a tônica para resultados a longo prazo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Luto no mundo POP



Ele não estava no rol dos meus artistas preferidos, mas fez parte da minha infância e adolescência. Lembro que meu irmão tinha os discos de vinil mais famosos, que sempre estavam presentes nas nossas festinhas de aniversário. Aprendi logo a cantarolar músicas como Thriller e Beat it, Moonwalker. Recordo, inclusive, do medo que eu sentia quando assistia o clip de Thriller, com aquelas figuras estranhas que mais lembravam o filme A volta dos mortos vivos. Eu devia ter uns 8 ou 9 anos. Das baladas com apelo social, as que eu mais gostava eram We are the world (que compôs junto com Lionel Richie) e Heal the world.
A vida cheia de excentrecidades fez de Michael Jackson uma lenda viva. Mudanças na cor da pele, inúmeras plásticas no rosto e envolvimentos em escândalos de pedofilia impediram que ele saísse de cena, mesmo quando a carreira artística não estava no auge. O garoto que, tal qual Peter Pan, não queria crescer, era sempre notícia. A morte súbita e inesperada fez dele uma lenda para as próximas gerações. Foi, de fato, o maior artista pop de todos os tempos. Lamento a morte dele.
Deixo aqui a lembrança do clip de Heal the world, um convite para curar o mundo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Heróis anônimos

23h do dia 24 de junho. Estou na frente do computador, trabalhando. Ouço gritos vindos da rua e imediatamente olho pela janela, do alto do meu quarto andar. Vejo, então, um corpo estendido no chão e uma mulher gritando e gesticulando desesperadamente. Jamais vi alguém tão desesperado. Fico tensa e corro para o telefone. 193 é o número que me vem à lembrança. Não sei se é Corpo de Bombeiros ou SAMU, só sei que é SOCORRO. Disco nervosamente e do outro lado da linha escuto um “clique”. Alguém atendeu, penso. Minha ansiedade me fez dizer “alô” antes da voz feminina que me responde calmamente com um “Corpo de Bombeiros, pois não”. Narro para ela o que vejo de minha varanda e peço ajuda, indicando o local exato do ocorrido. Na verdade, não sei se foi um acidente ou se foram tiros, facadas ou qualquer coisa. Só sei que tem um corpo estendido no chão. Ela me pergunta se o corpo se mexe. Minha miopia não me deixa ver com precisão. Os gritos da mulher desesperada continuam. Sinto minhas pernas tremerem e afirmo para a minha interlocutora que tenho a impressão de que está inerte. Ela registra a ocorrência. Desligo o telefone sem me lembrar das últimas palavras dela. Será que ela acreditou em mim? Afinal, são tantos trotes que eles recebem...

Volto para a varanda e começo a rezar para que o socorro chegue logo. Os gritos desesperados continuam e começa a juntar gente no local. Chega uma viatura da Polícia. Não sei se é Civil ou Militar. Minha miopia, mais uma vez, me confunde. Mas ver a viatura já é um alívio. Começa uma pequena confusão ao redor do corpo estendido e ouço mais gritos da mulher desesperada. “Ele está sangrando!!!”, diz ela. Os policiais levam um homem sem camisa em direção à viatura. Por que terá sido preso? Um binóculo me ajuda a ver melhor, mas não perfeitamente. Vejo também que o homem estendido no chão mexe as pernas. Sinto um certo alívio, mas me pergunto: cadê os Bombeiros??? Nesses momentos, minutos são horas...
23:10h, toca o telefone da minha casa. “Foi daí que fizeram um pedido de socorro?”, questiona a mesma voz feminina. Eu respondo com pressa: SIM. Informo que tem um carro da Polícia no local e que o corpo continua estendido no chão. Ela pergunta meu nome, agradece e diz que o socorro está a caminho. Mais 10 minutos e escuto uma sirene. Alívio: ela acreditou em mim. Primeiro eles avaliam a cena e os feridos. Começam, então, os procedimentos de socorro. Uma mulher é levada para a ambulância dos Bombeiros. Caminha com dificuldade, mas caminha. Nada grave, penso. Mais alguns minutos, chega a SAMU. Alguém deve ter chamado. Eram três feridos, na verdade. A miopia é fogo. Nem binóculo dá jeito.
Começo a ficar mais calma e não perco um detalhe da operação. Vejo o zelo com que os profissionais do Corpo de Bombeiros e do SAMU tratam os feridos e fico emocionada. Tudo é sincronizado. Serviço de qualidade, raro no serviço público. Lembro que um aluno meu atua nesse serviço dos Bombeiros e me questiono: estará ali, socorrendo mais essas vítimas? O homem estendido no chão é imobilizado e levado para a ambulância. Mais alívio para mim. Ele não vai morrer, penso. Em cerca de meia hora os feridos são atendidos e as ambulâncias seguem com suas sirenes ligadas, certamente em direção ao Hospital Geral. O pequeno aglomerado de pessoas aos poucos se desfaz e uma chuva fina começa a cair. Respiro fundo. Acabou. O carro da polícia permanece no meio da rua, com as luzes piscando. Continuo sem saber o que aconteceu ali, mas isso já não importa. Afinal, o socorro chegou.
Sinto-me aliviada por ter proporcionado, ainda que indiretamente, aquele socorro. Pode parecer pretensioso, mas, não sei porque, tenho a convicção de que testemunhar os gritos daquela mulher e ver o corpo estendido no chão antes que outras pessoas o vissem tornou-me responsável por aquelas vidas.
Penso nos profissionais que passam suas madrugadas e seus dias socorrendo pessoas feridas e sinto orgulho deles. Tenho convicção de que são heróis anônimos, escondidos atrás das fardas. São mulheres e homens vocacionados para o socorro, prontos para o próximo desafio. Corajosos como poucos. Volto ao telefone e disco novamente 193. Gostaria de agradecer por terem atendido ao meu pedido e de dizer para eles o quanto admiro o trabalho que desenvolvem. A linha está ocupada. Tento novamente: ocupada. Deve ser outra ocorrência a caminho. Não vou ocupar a linha, penso.
A inquietação não me deixa sossegar. Dormir agora? Impossível. Resolvo escrever estas linhas, registrar o que vivenciei. Fato corriqueiro para alguns, cidadania para mim e para aquelas vítimas. Agora já são 01:18h do dia 25/06. Vou dormir, pois o cansaço me vence, mas sinto que sou um pouco mais cidadã que antes. E isso fica marcado na minha história.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Artigo sobre UFAL em defesa da vida

Transcrevo aqui artigo que escrevi em parceria com minha amiga Ruth Vasconcelos, idealizadora do Programa UFAL em defesa da vida. O artigo foi publicado no jornal Gazeta de Alagoas de ontem (http://gazetaweb.globo.com/v2/gazetadealagoas/texto_completo.php?cod=148586&ass=37&data=2009-06-21)
UFAL em defesa da vida
Ruth Vasconcelos e Elaine Pimentel
O desejo de vivermos em uma sociedade com índices toleráveis de criminalidade coloca a segurança pública em pauta em vários segmentos sociais. Seja no espaço acadêmico ou nas comunidades – notadamente com a iniciativa da CNBB através da Campanha da Fraternidade deste ano – debates sobre violência e criminalidade revelam quão delicada e urgente é a questão.A universidade pública, espaço fértil para a troca de saberes comprometidos com a transformação da realidade social, tem um papel fundamental na difusão de políticas cidadãs que primam pelo diálogo entre o poder público e a sociedade civil.
Atendendo à convocação do Ministério da Justiça, a Ufal, através do Programa “Ufal em defesa da vida” e do Núcleo de Estudos sobre a Violência em Alagoas – Nevial, realizará, no dia 25 de junho, das 8 às 18 horas, no auditório da Reitoria, uma Conferência Livre, preparação para a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, que ocorrerá em Brasília em agosto próximo. Este é um momento ímpar em nossa história, pois pela primeira vez a sociedade civil tem a oportunidade de lançar propostas para a formulação do Plano Nacional de Segurança Pública. Estamos reunindo esforços para que este seja um momento de rica discussão entre estudantes, professores, funcionários da Ufal e membros da sociedade civil.
Precisamos compreender que o exercício da democracia não se dá apenas através do voto. O diálogo com o poder público é também uma importante forma se fazer presente nas estruturas políticas do Estado, contribuindo para a transformação da realidade em que vivemos.

domingo, 21 de junho de 2009

Poesia de Drummond para o domingo

No meio do caminho
(Carlos Drummond de Andrade)

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Debatendo crime e sistema penitenciário


Hoje pela manhã participei de uma atividade acadêmica muito interessante. A convite de alunas do curso de Serviço Social e Psicologia que fazem estágio no Escritório Modelo da Faculdade de Direito da UFAL, levei algumas reflexões sobre os desafios para a pesquisa na área criminal. Dividi o espaço de debates com o psicólogo Nilo, que atua há mais de 20 anos no sistema penitenciário alagoano. A sua vasta experiência da clínica psicológica no cárcere contribuiu para uma abordagem muito lúcida sobre o tema.
Mais uma vez tive o privilégio de estar diante de pessoas que compatilham os mesmos interesses acadêmicos e profissionais, com o compromisso de levar adiante o debate e de contribuir para a criação de uma cultura de valorização da dignidade humana.
Afirmar que o sistema penitenciário está falido não é novidade. Aliás, isso é pacífico no senso comum. Não há quem afirme com segurança que o modelo que temos hoje, aliado à realidade política com a qual contracenamos, possa garantir que pessoas que passaram pelo cárcere retornem ao convívio social de forma salutar. Lamentavelmente, o panorama do sistema penitenciário, no Brasil, sobretudo hoje, com o aumento dos índices de criminalidade, transfigura-se em verdadeiro depósito de seres humanos que compõem a grande massa de excluídos. O que fazer? A resposta não é simples. Mas pelo menos vejo, como uma "luz no fim do túnel", uma mudança no discurso e nas iniciativas de natureza política. Antes, a importação do modelo norte-americano "tolerância zero" era a tônica das políticas de segurança pública. Hoje, já se fala em inclusão pela cidadania como a saída - a longo prazo - mais adequada. Contribuindo para formar cidadãos, a sociedade civil e o Estado certamente previnirão o crime com mais eficácia. Assim, não precisaremos mais de tantas prisões.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ainda sobre os Cursos de Inverno da UFAL

Muitas pessoas me pediram mais informações sobre os Cursos de Inverno da UFAL. Lá vai:
- Qualquer pessoa pode matricular-se nos cursos (independente de ser aluno da UFAL).
- Os cursos são GRATUITOS!!!
- Os cursos têm carga horária de 20 ou 40 horas, o que corresponde a cursos de 1 ou 2 semanas.
- As inscrições só podem ser feitas pessoalmente, na PROEX.
- As vagas são limitadas. Portanto, interessados, inscrevam-se!

sábado, 13 de junho de 2009

Cursos de Inverno na UFAL

As férias do meio do ano podem ser bem agitadas na Ufal. A partir de segunda-feira, dia 15/06, estarão abertas as inscrições para os Cursos de Inverno. Transcrevo aqui as informações publicadas pela Pró-Reitoria de Extensão - PROEX:
"Depois do grande êxito dos Cursos de Verão, a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Alagoas, apresenta os Cursos de Inverno. Uma série de atividades que pretende movimentar o Campus A. C. Simões e o Espaço Cultural Salomão de Barros Lima no período de 13 a 24 de julho de 2009.

Segundo o coordenador de extensão da Ufal, José Roberto Santos, a ação faz parte do planejamento anual de tarefas desenvolvidas pela Proex. “São cursos de grande demanda social e uma oportunidade para acadêmicos e comunidade em geral integrarem-se, formando uma excelente troca de saberes”, afirmou.

O número de cursos oferecidos aumentou em relação ao projeto anterior. Agora são 1340 vagas distribuídas em 25 cursos. São eles: Maquete eletrônica Sketchup ; Cuidadores de criança; Web Design; Br Office 3.0 (Editor de Texto, Planilha e Apresentação); Internet e Informática Básica com Ferramentas Livres; Geoprocessamento Terra View; Economia para não economista; Economia Popular; Empreendedorismo; Filosofia Latino- Americana; Desenho a mão livre; Educação em Direitos Humanos; Acessibilidade e Cidadania; Introdução ao Violão Clássico; Elaboração de Projetos Culturais; Disseminadores da Cidadania; Dança Contemporânea; Um Olhar Filosófico Sobre o Meio Ambiente; Introdução ao Paisagismo; Introdução à Redação; Introdução à Língua Inglesa; Orçamento Familiar; Gerenciamento de Resíduos com oficina de fabricação de Sabão e Básico de Fotografia.

As inscrições estarão abertas a partir de segunda-feira (15), na secretaria da Pró-Reitoria de Extensão da Ufal, localizada no prédio da Reitoria, no campus A. C. Simões e só poderão ser feitas de forma presencial. Serão emitidos certificados para carga horária flexível. Mais informações pelo número: 3214-1134".

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Aos que amam...





Hoje é comemorado o Dia dos Namorados. No Brasil, o fundamento talvez seja a véspera do Dia de Santo Antônio, casamenteiro, segundo as tradições. Diz uma amiga minha que o santo casamenteiro, na verdade, seria São José, Pai de Jesus, cabeça da Sagrada Família. Se isso for verdade (a boa e velha "verdade"), deve ter muita gente rezando para o santo errado...
De toda forma, o Dia dos Namorados acaba respondendo a certo apelo comercial. Na televisão, nas vitrines, em todos os lugares, não se deixa de romantizar a data. Mas há uma regra que não falha (Popper não gostaria de ouvir uma afirmação dessa natureza...): homens não se lembram e as mulheres não se esquecem dos presentinhos do Dia dos Namorados.
Se a concepção filosófica do amor celebrado nesta data não fosse restrita ao sentido eros, mas, ao contrário, ampliada ao amor philia, o dia 12 de junho teria um significado mais amplo: AMIZADE. Assim, seria minimizada a compulsoriedade do amor eros, típica da modernidade que transformou tudo em mercadoria, inclusive o amor.
Para o dia de hoje, compartilho com meus leitores uma poesia de Cora Coralina (foto acima) que trata do amor pela vida. É preciso, sim, enamorar-se pela vida, cultivá-la, recriá-la a cada dia. Não adianta criar regras para o amor. A regra, nesse caso, é não ter regras.



CORA CORALINA

Não te deixes destruir...

Juntando novas pedras e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces.

Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A tal regra do impedimento

Jogo BRASIL X PARAGUAI

Eu: Como é mesmo a tal regra do impedimento?
M: Eu já te expliquei várias vezes...
Eu: Eu sei, mas é que eu não assimilei bem...
M: O jogador está impedido quando, numa jogada, etc etc etc. Entendeu?
Eu: Agora entendi!
M: Então me explique o que é o impedimento.
Eu: Hã?
No carro
Eu: O cara do posto de gasolina disse que o óleo do meu carro está baixo. Você confere para mim?
M: Sim. E aproveito para te ensinar como se verifica o óleo.
Eu: Tá!
(...)
M: Aprendeu como se verifica o nível do óleo?
Eu: Sim... É mais fácil que a regra do impedimento!!!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ufal em defesa da vida - Terceiro Ato


Estão abertas as inscrições para o Terceiro Ato do programa Ufal em defesa da vida. Desta vez serão conferências livres, organizadas pelo Núcleo de Estudos sobre a Violência em Alagoas - NEVIAL, que apontarão propostas para a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, que acontecerá em Brasília, entre os dias 27 e 30 de agosto deste ano.

Esta será mais uma oportunidade para que discentes, docentes, técnicos da Ufal e todos os interessados da sociedade civil participem ativamente nas discussões que envolvem políticas concretas de valorização de vida, da inclusão social e da cidadania. As atividades do Terceiro Ato acontecerão no dia 25/06 (manhã e tarde).

Mais informações, Texto-base e ficha de inscrição AQUI.

domingo, 7 de junho de 2009

Crônica de Sofia

Nesta cinzenta (e bela) manhã de domingo, trago aqui um escrito de Sofia, querida ex-aluna do curso de Direito da UFAL (minha monitora de Filosofia do Direito), talentosa escritora de contos e crônicas. Sofia gentilmente cedeu este texto (pra lá de existencialista...) para que eu o publicasse aqui. Bom domingo!
DESAPEGO
São desapegos disfarçados de palavras que destroem os detalhes, as partes do todo que por vezes não se sentem juntas, não se sentem unas.
Desapegos projetados em futuro não são planos, são esperanças estranhas que contrariam o sentido de prever o que ainda vem.
São distâncias, de fato, conservadas pelo limite do diálogo e pela indiferença da resposta. O momento que fora soberano e que no presente, encontra-se dividido em mil pedaços importantes, roubando, assim, a totalidade do agora.
Desapego não se junta com o quente, na verdade, desapego é frio, sem incômodos nem reclamações, porque, afinal, nunca se aproxima, nunca se atinge.
Talvez seja uma forma de olhar mais pra dentro e esquecer o que circunda a volta. É, quem sabe seja isso, só não diga que é cansaço, porque não é fadiga, é ausência de vontade, é desapego e só.
Madalena Sofia
18.05.09

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um mundo melhor?

Hoje é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. De todas as mensagens que recebi sobre o tema, esta foi a que mais me sensibilizou:

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Vamos pensar nisso...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A crueldade da dúvida







O misterioso desaparecimento do Airbus A330, da Air France, no Oceano Atlântico é a principal notícia da semana em todos os meios de comunicação de massa. As buscas continuam, aparecem os primeiros prováveis destroços, mas até agora ninguém pode afirmar, categoricamente, que aqueles destroços são do avião desaparecido. O local do suposto acidente torna a situação ainda mais delicada: no meio de águas profundas, com correntes marítimas fortíssimas e, ainda, com a possibilidade de que o avião tenha afundado. O governo francês admitiu, logo no segundo dia, que não havia esperanças de encontrar sobreviventes. No entanto, como não foi resgatado um corpo sequer, não se pode, ainda, afirmar a morte dessas pessoas. Uma tragédia, de fato.

Fico a pensar na situação dos familiares dos passageiros diante dessa dúvida. Ontem, os jornais noticiaram que os familiares brasileiros foram comunicados da chegada de um bote salva-vidas com prováveis sobreviventes na ilha de Fernando de Noronha. Comoção total, abraços, lágrimas... Alarme falso. Não havia botes, não havia sobreviventes. Frustração, desespero e dor. E se os corpos jamais forem encontrados? Como assimilar essas perdas? Será que viverão sempre na esperança de que seus familiares estejam perdidos em algum lugar no vasto Oceano Atlântico?


Essa situação me lembrou o filme A troca, protagonizado por Angelina Jolie. (Advinha quem é o diretor? Isso mesmo: Clint Eastwood!) No filme, a mãe busca desesperadamente seu filho desaparecido. A polícia apresenta uma criança, afirmando ser o filho desaparecido, mas a Mãe sabe que aquele não é o seu filho. Não vou contar detalhes da trama, mas enfatizo aqui a crueldade da dúvida. Mesmo quando as circunstâncias levam a crer que a pessoa desaparecida já está morta, há sempre um pouco de esperança de que, a qualquer momento, ela possa retornar.
Lembro desse filme quando vejo notícias sobre o desaparecimento do avião da Air France. Se é trágico perder parentes e amigos queridos em um acidente aéreo, mais cruel ainda deve ser não ter certeza da morte. Como será o luto para essas pessoas? Cessará um dia? Gostaria de ouvir a opinião das minhas amigas psicanalistas sobre isso...



terça-feira, 2 de junho de 2009

Sobre dons e aptidões no Direito

O contato cotidiano com alunos de graduação, formandos e recém-formados, da área jurídica, tem sido muito enriquecedora na minha vida, por uma série de fatores. Quem vive o cotidiano da Academia e se encanta com a pluralidade de olhares e possibilidades na produção do conhecimento sabe do que estou falando.
No entanto, ao mesmo tempo em que tenho visto muitas pessoas interessantes, engajadas em projetos voltados para o social e compromissadas com a ética e a justiça, deparo-me com estudantes que têm uma única perspectiva na vida: passar em um concurso, qualquer que seja! Dons, aptidões, afinidades, para eles, são cartas fora do baralho. O que importa é a estabilidade financeira. Absurdamente, essas pessoas se autodenominam CONCURSEIROS!
Em que pese ser a estabilidade um fator importante, sobretudo no panorama econômico de hoje, penso que não pode ser ela a centralidade das escolhas profissionais no campo do Direito. Quando isso acontece, o resultado é uma legião de frustrados, com estabilidade e dinheiro no bolso. Ainda assim, FRUSTRADOS.
As profissões jurídicas são muito diferentes. Atuar na magistratura, no Ministério Público ou na Defensoria Pública, só para citar esses, significa estar diantes de formas distintas de contato com a prática jurídica. Como ser Defensor Público, por exemplo, quando não se tem qualquer vocação e tato para lidar com pessoas humildes? Como ser juiz, se não consegue lidar com suas paixões diante de uma decisão que, em tese, deve ser imparcial? Eu poderia fazer uma série de perguntas dessa natureza, mas penso que esses exemplos são suficientes para ilustrar o que percebo hoje em dia. A procura por concursos (qualquer um!) é tão presente no cotidiano dos estudantes, que algumas faculdades chegam a elaborar avaliações e provas de acordo com as tendências dos concursos. Ao invés de formar juristas, essas faculdades formam concurseiros.
Não estou negando a importância dos concursos públicos. Ao contrário, penso que para aqueles que não se identificam com a advocacia (tão vocacionada quanto o magistério na área jurídica, na minha opinião) é natural a busca por um emprego público. O que questiono, aqui, é a ausência de qualquer afinidade dos futuros profissionais com os cargos que ocuparão. Não vejo uma preocupação em construir uma relação de identidade com o papel que desempenharão na imensa rede de profissões jurídicas. A ausência dessa identidade acarreta no panorama que temos hoje: profissionais tecnicamente preparados, mas pouco compromissados com a essência do cargo que ocupam. São concursados, mas não são profissionais, pois não trazem consigo a consciência do seu papel social.
Entendo que a escolha de uma profissão é parte essencial na vida de uma pessoa. É tão importante quanto a realização pessoal. Tudo isso, porém, não tem regras. Cada um sabe a medida da sua felicidade. Por isso, é preciso encantar-se com a profissão que se busca, conhecê-la bem e, se for o caso, estabelecer uma verdadeira aliança com ela. Parece um casamento, não? É mais ou menos isso: pode até haver o divórcio mais adiante, mas casa-se com o desejo de que dure para sempre.