Ontem vivi mais um dia de muita emoção e alegria na minha vida. O lançamento do livro escrito em coautoria com minha amiga Ruth Vasconcelos foi, de fato, um momento especial, que agregou pessoas queridas, que acreditam na seriedade do nosso trabalho e que se alegram com as nossas conquistas.
O "bate-papo com as autoras", proporcionaado pela organização da IV Bienal Internacional do Livro, foi um momento descontraído, no qual explicamos a trajetória da construção do livro e como isso está intrinsecamente relacionado à história da parceria intelectual e da amizade cultivadas por Ruth e eu desde que ela foi minha orientadora no Mestrado.
A emoção tomou conta de mim - como sempre - quando fiz os agradecimentos de praxe. Mais emoção ainda foi quando alunos e ex-alunos ali presentes deram seus testemunhos sobre Ruth e eu, enfatizando a nossa influência sobre suas escolhas intelectuais e suas carreiras. Nesse sentido, as falas de Bruno Lamenha, Manoel Bernardino e Carlos Augusto foram inesquecíveis.
O amigo Sérgio Coutinho, sempre muito presente, gravou todo o bate-papo e já disponibilizou na internet. Confiram abaixo:
O momento do lançamento do livro, no Café Literário da Edufal, foi outra emoção. Cada familiar, amigo, colega e aluno que chegava era motivo de grande alegria. O espaço ficou pequeno para tantas pessoas, a ponto de chamar a atenção de quem passava pelo lado de fora. Chegaram a pensar que se tratava de alguém famoso, de artistas ou escritores renomados. Não, éramos nós, duas mulheres sensíveis aos dramas da violência e da criminalidade, mas que, na qualidade de pesquisadoras e educadoras, acreditam na possibilidade da construção de um mundo melhor, pautado pelo respeito aos seres humanos. Acima de tudo, encontramos nas palavras um caminho para o diálogo constante, não apenas com acadêmicos, mas com toda a sociedade civil.
Preparei uma surpresa para a Ruth: escrevi um artigo para a Gazeta de Alagoas, falando do privilégio que é o nosso encontro intelectual. Qualquer coisa que eu fale sobre a importância da Ruth para a minha vida acadêmica e, cada vez mais, como amiga de grande apreço, ainda é pouco. Transcrevo aqui, na íntegra, o artigo, escrito com o que há de mais sincero em mim.
O privilégio de um encontro intelectual
Já dizia Vinícius de Morais que “a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros”. Encontrar pessoas que estejam dispostas a contribuir para o crescimento dos outros é algo muito raro nos dias de hoje, sobretudo num campo permeado por vaidades de toda forma, como é a Academia. Generosidade intelectual, ali, é virtude de poucos.
Tenho tido o privilégio de encontrar, ao longo de minha formação, alguns intelectuais competentes e refinados que exerceram e exercem importante influência sobre mim, não apenas nos aspectos teórico e técnico da atividade intelectual, mas especialmente na construção de uma visão de mundo pautada pelo respeito às diferenças.
Nesse sentido, a socióloga Ruth Vasconcelos merece destaque especial. Pesquisadora de sólida formação, Ruth faz da atividade acadêmica um meio de transformação da realidade social, sobretudo quando levanta a bandeira da valorização da vida humana e da paz.
Foi por meio da orientação dela, no mestrado em Sociologia, que conheci o sujeito e a subjetividade como elementos fundamentais para a compreensão de qualquer problema social.
Foi também com ela que compreendi que é possível estabelecer uma relação professor-aluno fundada na autoridade do mestre, mas mediada pelo extremo respeito ao outro.
Sem essa generosidade peculiar e sem a sensibilidade que é marca distintiva da Ruth, não estaríamos hoje celebrando o lançamento do nosso primeiro livro em coautoria, intitulado Violência e criminalidade em mosaico.
Sinto-me privilegiada por merecer tamanha confiança, mas reconheço que foi por compartilhar com ela a mesma inquietação quanto às questões da violência e da criminalidade que estabelecemos tão fértil parceria e tão bela amizade.
Posso afirmar com convicção que meu compromisso com a construção de um mundo melhor encontra inspiração nessa grande mulher, minha eterna professora.