segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Coisas da vida...

Há exatamente um mês não escrevo no blog. Muitas horas de estudos, muito trabalho na Ufal, viagem a Portugal para o X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais... Enfim, a vida que segue seu rumo, sem parar, numa sucessão contínua de acontecimentos. Nesta noite nublada de carnaval, numa Maceió praticamente deserta, resolvi tratar de dois assuntos que me chamaram atenção. Coisas que me supreenderam positiva e negativamente. Coisas que me alegraram e me assombraram. Coisas da vida, portanto!

Em Alagoas, a boa notícia foi a escolha de Tutmés Airan para ocupar uma vaga de desembargador no Tribunal de Justiça. Uma história de vida profissional marcada pela atuação jurídica notável. É notório que há um certo processo de mudança na estrutura do nosso Judiciário. A cada novo desembargador que se propõe a fazer diferente, como o fez o Sapucaia, é acesa uma pequena luz de esperança para os destinatários da Justiça alagoana. O fim (ou redução) do nepotismo foi também um grande avanço na moralização do Poder Judiciário. É claro que estamos longe de um patamar satisfatório... Ainda há muito o que se fazer. Por isso, a chegada de um profissional como o Tutmés, compromissado com o social e sem qualquer interesse pessoal representa um reforço para a mudança estrutural e ideológica da Justiça Alagoana. Sorte para ele!

Do outro lado do Atlântico, o caso da advogada pernambucana, Paula Oliveira, supostamente agredida por neonazistas na Suiça. Fiquei estupefata com tamanha violência. Senti vontade de chorar, sofri por ela e pelos bebês abortados, tive raiva dos agressores. Sem muito tempo para acompanhar notícias na TV, fiquei sabendo do andamento do caso através de amigos e parentes. Quando me falaram que a polícia suíça levantara a hipótese de auto-agressão, achei um absurdo. Como alguém poderia pensar em algo tão sórdido? Dias depois, a afirmação categórica de que Paula havia, inclusive, assinado uma confissão foi um choque maior do que a própria notícia inicial da agressão. Confesso que ainda duvidei e fiz elocubrações sobre a possibilidade de uma estratégia política do governo suíço. Acho que foi a fase da negação. Lamentavelmente, as notícias dão conta de que, de fato, não houve neonazistas, não houve agressão e não houve, sequer, gravidez. Se tudo isso é verdade, pergunto: O que passou pela cabeça da advogada? O que fundamenta uma atitude dessa natureza? Não tenho a mínima idéia. Só posso afirmar que a imagem daquele corpo marcado me fez querer que a agressão tivesse mesmo ocorrido. Seria menos assustador que pensar na possibilidade de alguém fazer aquilo com o próprio corpo...Aguardemos cenas dos próximos capítulos.

Esses são os paradoxos da vida. Há coisas que nos alegram e outras que nos entristecem. É nessa dialética que o curso da vida se inscreve na História. Como dizia meu saudoso Pai: "Há gente pra tudo no mundo!". Não sei por que ainda me surpreendo...

4 comentários:

Eulina Costa disse...

Querida filha,um feliz retôrno!!! como gosto de ler seu blog,estava com saudades,sabia que seu tempo estava muito ocupado,mas sabia também que logo,logo vc estaria de volta com seus comentários convicentes e inteligentes pois sua sensibilidade não a deixa omissa para as verdades.Concordo com vc nos assuntos abordados,é lamentável que tamanho absurdo aconteça com pessoas de nível de escolaridade como o da advogada,acredito mesmo que seja distúrbio emocional causado por alguma sequela de enfermidades,´como é dificil entender,que a Providência Divina a ajude,rezo por ela com certeza.Gostei muito da vitória do seu amigo Tutmés ,acompanhei pelos jornais a campanha e como já conhecia-o pelos seus comentários, torci por ele,pois quem é seu amigo,é meu amigo também,vc sabe.
Deus a abençoe e beijos da mamãe que lhe ama muito

Humberto disse...

A nova foto está ótima!
Beijos.
Beto

Anônimo disse...

Eu também torci para que a agressão tivesse ocorrido... só não sabia como admitir sem assustar ninguém...
Acertou em cheio, professora!

Thales Prestrêlo disse...

Minha reação foi semelhante a sua, Elaine! De início já me surpreendi com o caso, e, achando que nada mais pudesse me surpreender, vi surgir essa sofrida versão! Não quero imaginar do que mais o ser humano ainda é possível! =/